segunda-feira, agosto 27, 2007

A minha saudade














A minha saudade
António Zumaia

Meu Deus! Como já sinto a tua ausência.
Grito em mim de raiva… desesperado!
Olho os céus num pedido de clemência,
porque tu amor… não estás a meu lado.

Saudade, cruel espada e meu fado;
Porque em amor, eu sei que tu partiste.
Ruge o destino cruelmente alado…
Deste grande amor… que em meus olhos viste.

Volta amor… és o ar que eu respiro.
Porque só, fico louco e deliro…
Na vingança cruel, dos deuses loucos.

Não me dês, o cruel afastamento,
longe de mim é terrível tormento.
É sentir, que estou a morrer aos poucos.

Sines – Portugal
27 de Agosto de 2007

sexta-feira, agosto 24, 2007

Srª Ministra Acabe de vez com as Escolas e vá para casa.



Não acredito… Não pode ser verdade!

Desisto… Ou os Jornais e Televisão, são cruéis mentirosos ou o nosso Governo enlouqueceu.
Num doloroso apelo à incultura e num desprezo total pelos Portugueses, a nossa preclara Ministra da Educação continua a fechar escolas por todo o país e a dificultar a deslocação dos alunos, depois admiram-se do insucesso escolar.

Isto já nós sabíamos; O que não sabemos é os negócios que esconde essa acção, porque lógicamente as crianças, agora longe dos pais, não podem percorrer a pé muitos quilómetros, a que ficam essas outras escolas alternativas. Além de ficarem com o coração nas mãos, ao verem os filhos sair de casa de madrugada e regressar já bem tarde, os pais, já com orçamentos apertados, terão de despender mais dinheiro na educação de seus filhos.

Os que podem, claro, porque os que não podem deixam-nos em casa, a tratar da vida deles de outra forma, porque são apertadas as leis que regem o trabalho infantil.

Se não estudam, não trabalham, vão fazer o quê? Senhora Ministra pense um pouco; Que diabo! Pagamos bem para a senhora pensar. Que está a fazer a este pobre país? Pensa que centralizando e mandando os professores para casa, melhora o ensino?

Resumindo, a senhora poupa algum dinheiro nas escolas que fecha e fomenta alguns negócios periféricos, boa, que grande inteligência. Esqueceu que o ensino básico é obrigatório e que só o consegue, fazendo centros de aprendizagem e não eliminando-os.

Senhora Ministra, se não ouve o povo que lhe paga, vá embora, a senhora não é dona da verdade e não propicia a difusão do ensino neste país.

Miguel Torga um vulto das letras em Portugal, perfez o Centenário do seu nascimento; A senhora, ou algum dos elementos deste Governo esteve presente?

O nosso Primeiro-ministro claro que nunca iria, porque nenhuma Firma quis associar-se a este Evento Cultural organizando-o, não vende computadores. Pois é, se alguma vez estive de acordo com ele foi agora, não estragou este Evento eminentemente Cultural e ainda faria o nosso saudoso Miguel, revoltar-se mais uma vez contra a peçonha que invadiu o seu país, pelo menos não envergonharam com a sua presença as terras que ele tanto amava.
Juro que devo ter ouvido mal, não acredito no que a nossa televisão afirmou:

Os BANCOS vão emprestar dinheiro aos nossos estudantes para se formarem.

O estado será o fiador, isto é todos nós, vamos financiar os futuros Engenheiros e Doutores do desemprego; Será que este país precisa de tantos Licenciados?

Em primeiro lugar neste país, de fartos impostos, devia ter Ensino gratuito e selectivo de valores e não de favores.

Em segundo lugar, todos nós sabemos dos lucros fabulosos que os bancos tiveram e tem, com a compra de habitação pelos Portugueses, que obriga muitos deles a passarem fome para pagar ao banco, tudo isto com o beneplácito institucional do Estado. Os bancos engordam, o Estado tira o que pode e os Portugueses apertam o cinto e a Constituição é mero documento arcaico e contornável.

Pois agora, esses senhores donos do dinheiro, já não querem somente hipotecar a habitação, mas o próprio destino dos Portugueses, porque ou pagam de uma maneira ou de outra nas contribuições, portanto não há risco. Eles continuam a engordar e o pobre do Zé-povinho, nunca mais lhe faz um MANGUITO.

Acreditem, deve haver já uma cambada de putos a correr para as Agências Bancárias a hipotecar o seu destino, só para receber umas massas e poder curtir numa boa; Serem livres do velho rabugento que os obrigava a andar na linha e estudar.

Meus senhores, graças a Deus os meus filhos já estudaram, o que tinham de estudar, portanto as suas licenciaturas foram custeadas pelo meu sacrifício; Mas sempre tive mão neles e não os deixei dependentes de qualquer banco. Reparam que estão a desfazer um dos princípios da família?

Acreditam, que esse dinheiro vai ser para a sua formação, ou sua desgraça?
Senhora Ministra e Senhor Primeiro-ministro, desafio-os a serem vocês, como cidadãos, os fiadores desses rapazes e raparigas que vão usufruir desse empréstimo. Pode ser?

Não! MANGUITOS não vale.

António Zumaia

http://vozlusitana.spaces.live.com/

Sines – Portugal
23 de Agosto de 2007

domingo, agosto 19, 2007

Poema















Ninguém vence o invencível... O LOUCO.

O tempo do poeta
António Zumaia

Não tenho tempo de sobra,
a toda hora ele passa;
É a vida que o cobra,
como pomba que esvoaça.

Quando o meu tempo findar,
deixo o beijo de ternura;
Poemas para cantar,
das rosas a formosura.

Não viverei na saudade,
porque o meu tempo parou.
Enfrentarei a verdade,
da vida que em mim passou.

Não fui grande nem pequeno,
não passei despercebido…
Como homem, fui sereno;
Simples poeta esquecido.

O meu tempo já vivi,
nem sempre o aproveitei;
Nos poemas que escrevi,
um grande amor desenhei.

Morre o homem… O poeta,
esse tudo de si deu…
Mulher a musa dilecta,
dos poemas que escreveu;

Poeta… simples profeta,
o homem nele morreu.

Sines – Portugal
09 de Agosto de 2007

terça-feira, agosto 14, 2007

Soneto
















INDECISÃO
António Zumaia

Já voam pela rima os meus desejos;
No vento que varreu o meu destino.
Não cabe em mim a doçura dos beijos,
porque começo… e nunca termino.

E assim… viaja louco no vento,
destino que na loucura perdeu;
Não tem vida, nem sequer pensamento,
porque afinal… Ela tudo me deu.

Só um louco perde assim o amor;
Só um louco pode assim sofrer;
Só um louco pode amar… sua dor.

Porque a vida pode não o querer;
Porque a vida lhe ofertou uma flor
e ele a esqueceu… mesmo sem saber.

domingo, agosto 12, 2007

Centenário de nascimento de Miguel Torga




















A clarividência de Miguel Torga.
António Zumaia

Com as palavras impressas deste homem, direccionei a minha juventude e muito da minha maneira de ser e de escrever, a sua rebeldia perante as leis dos homens, a sua bondade como profissional da saúde, que exercia em Coimbra; A denúncia dos crimes cometidos pelas tropas Espanholas e Portuguesas foi para toda a juventude do meu tempo, um exemplo de verticalidade e coragem ante um situacionismo intolerante, que reinava nesse tempo.

Ler Miguel Torga era pois não só mergulhar num Português maravilhosamente escrito, impregnado do sentir bucólico e de ensinamentos de vida, mas também sentir a voz rude do Serrano a dizer grandes verdades de tal forma, que sentiu o ferrete da prisão da Polícia Política do nosso País.

Um dia pelos meus 17 anos de vida perguntei a meu padrinho, senhor de uma Biblioteca bem recheada de Autores Portugueses e Estrangeiros, porque não tinha livros de Miguel Torga? Resposta enfatuada e cuidadosa: - Esse autor é um revolucionário e escreve muito simples.

Enquanto estive em África nunca deixei de o ler e estudar, rendi-me de certo modo à opinião do meu Padrinho.

Na verdade era este homem vertical e honesto um exemplo a seguir, não por ser revolucionário, mas por lutar pela verdade, por tentar repor a dignidade do ser humano, chegando a divinizar o homem como o maior criador sobre a terra. Era pois um humanista acérrimo e defensor sobre tudo dos Direitos do Homem, a sua escrita sempre foi rica em exemplos e directrizes a seguir.

Escreve muito simples… Sempre se afastou dos Autores consagrados e que faziam parte das tertúlias desse tempo, como que com medo de se contaminar, com a forma enfatuada de escrita considerada erudita e de bom-tom.

A sua juventude passada no Alto Douro nas duras Serranias, depois a sua ida para o Brasil, onde foi apanhador de café na fazenda do tio, enriqueceu este homem na simplicidade e deu à sua escrita um cunho popular invejável, que cedo lhe granjeou a admiração de quem teve a dita de ler um dos seus livros.

Ler Miguel Torga era pois saber como agia o povo nas mais díspares situações, com histórias cujo enredo prendia o leitor até ao fim do livro, num doce amplexo de cumplicidade entre o autor e o leitor.

A sua obra foi eclética e vasta, desde a poesia vigorosa e de uma filosofia criativa que nos faz pensar, à ficção plena de ensinamentos em que exemplifica a cultura do simples, ao teatro onde revive a vida difícil de um povo.

É Miguel Torga para mim o filósofo do simples, o poeta da verdade e um grande Português, que paladino dos pobres, porque ele foi pobre, guindou-se bem acima dos escritores da sua época.

Ele disse:

“ Todo o semeador semeia contra o presente.”
“ A velhice é isto: ou se chora sem motivo, ou os olhos ficam secos de lucidez.”
“ Mais um ano, mais um palmo a separar-me dos outros, já que a vida não passa de um progressivo distanciamento de tudo e de todos, que a morte remata.”

Palavras simples, mas que reflectem o poderoso conhecimento da vida. É este o nosso Escritor Miguel Torga que perfaz cem anos que nasceu em São Martinho da Anta, no dia 12 de Agosto de 1907, com o nome de Adolfo Correia Rocha.

Com uma vasta e valiosa obra literária. Premiado e reconhecido em Portugal e Estrangeiro e do qual mostramos o nosso Orgulho.

Miguel Torga

És filho dilecto de Portugal,
és saudade na tua poesia.
Foste da verdade breve sinal,
desta gente que tanto te queria.
Levaste em ti a alma deste povo,
do Brasil regressou, um homem novo.

Curaste o corpo e também a alma,
deste povo que em ti acreditou.
Sofreste na lira, ganhaste a palma;
O Grande, da verdade não gostou,
forte e duro o pobre ditador,
nunca pensou, que tu eras amor.

Amor ao povo e a Portugal,
impresso nas palavras que escreveu,
mostrou-nos que o homem é igual.
Foi reconhecido e o mereceu…
Foste grande entre os grandes, a escrever;
Sobre o povo… de tão simples viver.

A minha sentida homenagem a este grande Português, que tive a honra de ser contemporâneo e que tanto me deu com seus escritos sobre a vida e a verdade.

Poeta de fina estirpe e verso fácil a descrever a vida na sua mais bela vertente.

António Zumaia
Sines – Portugal
12 de agôsto 2007



segunda-feira, agosto 06, 2007

Contos do Zumaia

















Foi sim… O fim.
António Zumaia

Seus olhos espraiavam-se pela maravilha da Costa Norte, assim chamada por ficar exactamente ao Norte de Sines; A extensão de areia estendia-se a perder de vista, ladeada por uma floresta de Pinheiros que o emoldurava de forma muito bela. A seus pés o mar, aquele que encantara Vasco da Gama, batia furioso nos rochedos deixando resquícios de água e espuma, como a compensar da sua brutalidade.

Geraldo amava sentar-se ali naquele recanto, a vida agitava-se à sua volta deixando-o numa doce calmia, estático; Apenas seu velho coração batia ritmado e seus olhos vasculhavam o horizonte como que a perguntar a todo aquele movimento da natureza, porque não podia colaborar. O mar normalmente dizia-lhe:- Calma amigo! Tu já viveste muito, repousa agora.

Não era justo! O mar já vivera muito mais que ele e continuava jovem e buliçoso.

Olhava as ondas repetitivas para ver qual delas seria a maior e mais bela, sempre fora um sonhador, porque neste fenómeno lunar restava-lhe a esperança de um dia numa delas, vir o amor.

Era uma secreta esperança que se arrastava há muitos anos na sua mente, a bela Mariza, que um dia desaparecera da sua vida de modo abrupto e sem explicação, haveria de lhe aparecer. Não podia deixar esta vida sem que aqueles olhos meigos e serenos lhe fizessem novas promessas, que nunca foram cumpridas e só Deus sabia o porquê.

Caminhou para casa onde certamente a família o esperava para o almoço. Estava cansado, a subida das escadinhas que davam acesso a parte alta da cidade, era um dos exercícios que sempre fazia, mas o calor que se fazia sentir, dificultava-lhe a caminhada; No entanto ao chegar ao cimo desfrutava de um belíssimo panorama, a Baia de Sines, com sua praia de areias douradas e muito brancas. Caminhou pelas ruelas até sua residência e almoçou com a família, acabados de chegar também eles, mas da praia.

Foi ter com seus amigos ao jardim, como de costume ouviu as belas histórias daqueles velhos lobos-do-mar; As suas fantasias misturadas com algumas realidades faziam romances de belo efeito. Era um entusiasta desses belos contos, os velhos do jardim sabiam nele um ouvinte atento e entusiasta e cada um pretendia fantasiar da melhor forma, para lhe agradar.

Os raios solares abrandaram na sua inclemência, depois de uma cerveja fresquinha bebida num café perto do Castelo de Sines, onde nesta altura se realizava um belíssimo Festival de Música. Caminhou lentamente pelas ruelas, passou à casa onde nasceu Vasco da Gama e continuou até à casa de quatro andares e todos rés-do-chão, porque simplesmente a estrada à volta dela subia até ao último piso, era uma das curiosidades de Sines, que todos os marinheiros sabiam.

Desceu para a avenida que ladeava a praia e caminhou até à praia do Norte.

Havia aí um restaurante que servia uma salada de Búzio que era algo de muito bom e famosa, Geraldo aproveitou para beber mais uma cerveja bem fresca porque o calor ainda apertava.

Ficou ali quase até ao por do sol maravilhado com esse fenómeno da natureza, tão belo naquele local. Tentou ver o raio verde, que era o ultimo reflexo dos raios solares, em vão; Dizia a lenda que ele prolongava a vida de quem o via, ele não o viu.

Ao sair do Restaurante viu um bólide vermelho, que lhe parecia um Ferrari a descrever uma curva apertada e paralisar bem na frente dele.
No seu interior uma farta cabeleira loira e uns olhos conhecidos, abriu-lhe a porta do bólide e convidou-o a entrar.

- Não te lembras de mim Geraldo?
- Mariza!
- Entra e beija-me.

Ele entrou e beijou… Doido de alegria seu pobre coração rebentava de felicidade.

- Não sou Mariza… Sou a MORTE!

Sines – Portugal
31 de Julho de 2007

sábado, agosto 04, 2007

Palavras de Amor






















António Zumaia

Coração sangra palavras de amor...
As mais lindas gotas de poesia;
Vamos juntar-lhe a mais bela flor,
o mais belo sorriso de alegria...

Coração sangra palavras de amor...
E transforma o teu corpo de diva,
num céu de estrelas, belo encantador,
como a mais linda seara em espiga...

Coração sangra palavras de amor...
Como ele é belo no seu gotejar,
cada gota se desflora, em esplendor.
Cada gota escreve, a palavra Amar...

Coração sangra palavras de amor...
E nessa rosa de sangue vermelha,
que nos dá prazer e nenhuma dor,
dá luz e vida, ao sol se assemelha.

Coração sangra palavras de amor...
Dá-me um sonho onde não possa sofrer.
Rosas da mais maravilhosa cor,
que enfeitem a diva do meu viver...

Sines – Portugal
21.04.2004